No dia 13 de Novembro de 2002, o petroleiro Prestige, de 243 metros, transportando 77 000 toneladas de fuel sofreu um rombo no casco ao largo do Cabo Finisterra. Após o abandono do navio por parte da tripulação, o navio acabou por afundar-se no dia 19 de Novembro, a cerca de 240 km a oeste de Vigo. No dia 14 o Instituto Hidrográfico (IH) iniciou o acompanhamento da situação, executando a primeira previsão de deriva dos derrames de fuel assinalados pelos meios de vigilância espanhóis. Posteriormente, no dia 18 de Novembro, foi accionada no IH uma estrutura operacional destinada a assegurar a aquisição, processamento, produção e disseminação de informação técnico-científica relevante.Esta estrutura técnico-operacional foi constituída por um núcleo de 12 elementos, 10 da Divisão de Oceanografia e 2 do centro de Dados Técnico-Científicos e ainda por elementos de outra área funcionais do IH, como os Gabinetes de Multimédia e de Relações Públicas.
No sentido de prever as trajectórias das derivas das manchas de fuel, o IH utilizou como ferramenta base o modelo DERIVA, desenvolvido na Divisão de Oceanografia. Este modelo considera basicamente a acção do vento sobre os objectos flutuando à superfície da água e a influência da agitação marítima. Para a validação dos resultados do modelo foram lançados próximo do local do afundamento, por helicóptero e por navio, quatro sistemas flutuantes com sistema de posicionamento satélite. Estes sistemas revelaram-se bastante úteis, tendo esta metodologia sido seguida, pelos organismos franceses e espanhóis encarregados de acompanhar a situação do Prestige. Uma vez que o modelo-base DERIVA é mais adequado para situações de mar aberto, para o corrigir com as fenomenologias costeiras, foram utilizados dois modelos desenvolvidos na Divisão de Oceanografia, no âmbito de projectos científicos MOCASSIM e PAMMELA2: o modelo de circulação HOPS (Havard Operational Prediction Survey), que permite efectuar a previsão de correntes à superfícies e em profundidade, e o modelo de previsão de agitação marítima em águas costeiras SWAN (Simulating Waves Nearshore), que permite ainda estimar características de rebentação e correntes de deriva litoral. O forçamento metereológico nestes dois modelos foi efectuado recorrendo a informação metereológica e de agitação marítima da Marinha dos Estados Unidos (FNMOC) e/ou de centros europeus de metereologia. A informação metereológica proveniente do modelo francês de alta resolução ALADIN, fornecido pelo Instituto de Metereologia, foi a forma utilizada para alimentar o modelo HOPS.
Para o armazenamento, processamento, integração, analise e apresentação da informação obtida pela célula de acompanhamento, o IH utilizou os sistemas de informação geográfica (SIG). A informação considerada nos SIG tiveram origem na cartografia base, na detecção e localização dos vestígios do derrame obtidos a partir dos voos realizados pela Força Aérea e por navios da Marinha, nos sistemas derivantes lançados e seguidos por uma constelação de satélites que diariamente transmitiam os dados de posicionamento, nas imagens de satélite disponibilizadas pela ESA (agência espacial europeia) e na previsão de deriva dos vestígios do derrame calculadas a partir dos modelos.
Toda esta informação foi integrada de um modo muito expedito no SIG ArcGIS 8 do fabricante ESRI, permitindo realizar uma análise muito flexível da situação a transmitir de modo esclarecedor, em cada período, o ponto de situação do incidente, tendo sido produzido diariamente relatórios, mapas e imagens utilizados nas conferências de imprensa e disponibilizados em formato digital via Internet para a comunicação social e centros de actividade científica nacionais e estrangeiros.