Decorreu, no passado dia 22 de março, a primeira ação realizada ao abrigo do Protocolo de Cooperação entre o Instituto Hidrográfico (IH) e a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), assinado em dezembro de 2023.
Esta ação concretizou-se num workshop de Conservação e Restauro, realizado no âmbito dos estudos de «Materiais, Técnicas e Diagnóstico de Bens Culturais», com as alunas da Licenciatura e do Mestrado do Curso de Ciências da Arte e do Património. O workshop foi dividido em duas sessões sob a orientação dos professores auxiliares do Departamento de Ciências da Arte e do Património, Ana Bailão e Frederico Henriques.
Da parte da manhã, com base num «Roteiro do património inserto», produzido pela Divisão de Documentação e Cultura do IH, as alunas efetuaram um trabalho de rastreio elementar das condições físicas e ambientais do edifício do antigo Convento das Trinas, nos diversos espaços e compartimentos por onde se distribuem as coleções de azulejaria barroca e de artefactos técnico-científicos do IH. Foram recolhidos dados sobre parâmetros de temperatura, humidade e luminosidade, com vista à elaboração de um relatório de avaliação.
Na parte da tarde, com a colaboração do professor Frederico Henriques, responsável pelo Laboratório de Multimédia, assistido pela monitora Inês Simões, montou-se um atelier móvel de desenho e fotogrametria na biblioteca do IH. O programa de trabalhos consistiu em desenhar e documentar fotograficamente um conjunto de equipamentos de hidrografia, navegação e desenho cartográfico pertencentes ao património do Instituto, selecionados pela sua simplicidade formal e estrutural: compassos pantógrafos, estereoscópios, psicómetros, clinómetros, foram alguns dos instrumentos adotados para a análise e o registo gráfico, operações preliminares à construção de um sistema de informação particular a cada objeto. Seguiu-se o processamento fotogramétrico dos instrumentos, necessário ao posterior tratamento por um software de modelação 3D.
O primeiro workshop de Conservação e Restauro permitiu ainda a troca de documentação académica sobre a identificação dos plásticos, suas tipologias e nomenclaturas («diagrama de identificação de polímeros», entre outros), informação relevante para a compreensão e a caracterização de artefactos tecnológicos oriundos das Ciências do Mar, domínio em que os equipamentos são amplamente constituídos por matérias plásticas e compostos (bem como ligas metálicas e químicos) cuja identificação e conservação, não raras vezes, é árdua, senão mesmo impossível.
Desta primeira jornada de cooperação entre a FBAUL e o IH espera-se uma reflexão atualizada sobre as práticas de conservação que possa dar origem à renovação de conhecimentos, fundamentalmente, para apoio à decisão no capítulo da gestão do património móvel, inserto e edificado da sede do IH e das suas condições físicas e, em particular, no que respeita às extensas coleções de azulejos do século XVIII do Instituto. Nessa medida, está já projetada a realização de uma segunda iniciativa com o Departamento de Ciências da Arte e do Património da FBA, desta vez, sobre as possibilidades de intervenções pontuais de conservação e restauro de azulejos.
