O NRP D. Carlos I atracou ontem, dia 19 de agosto, em Ponta Delgada, encontrando-se em missão no Arquipélago dos Açores desde 15 de julho com os objetivos de realizar levantamentos hidrográficos (LH) no âmbito do projeto de Mapeamento do Mar Português, reforçar o Dispositivo Naval Permanente na Zona Marítima dos Açores (ZMA), cooperar no âmbito técnico-científico com o Governo Regional dos Açores e a Universidade dos Açores, colaborar com a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC) bem como com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto.
A Marinha ciente que o conhecimento detalhado sobre os fundos marinhos garante o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio marinho, iniciou um ambicioso projeto em 2017, na sequência de uma opção estratégica da Marinha, de Mapeamento do Mar Português, para que o país possa efetivamente conhecer e tirar partido destes vastos espaços marítimos. Consequentemente, o conhecimento do oceano, em geral, e do leito e do subsolo marinho, em particular, afigura-se como uma tarefa de importância estratégica sem paralelo, e será seguramente um inestimável legado para as futuras gerações.
Nesta campanha LH Açores 2019 e no âmbito do Mapeamento do Mar Português no arquipélago dos Açores, foram executadas duas fases distintas com a duração de 28 dias de operação no mar: a primeira, no levantamento hidrográfico com sonar multifeixe dos montes submarinos (os quais se tratam de ecossistemas ricos e de particular relevância) a sul da Ilhas das Flores enquadrada na cooperação com a Universidade dos Açores. Foram sondados 6 montes submarinos com sonares de médios e grandes fundos (de grande resolução) num total de 3 560 Km2; a segunda fase, também consistindo num levantamento hidrográfico com sonar multifeixe, a Sudoeste da Ilha das Flores, numa zona remota para além da ZEE dos Açores, que decorre da colaboração com a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental. No âmbito do Mapeamento do Mar Português o navio sondou um total de 41.800 Km2.
Nos grupos Ocidental e Central estiveram duas Brigadas Hidrográficas que realizaram o levantamento de áreas portuárias e costeiras nas Ilhas de São Jorge, Flores e Corvo para atualização cartográfica num projeto de colaboração com o Governo Regional dos Açores.
Como resultado elaborou-se a carta náutica do Porto da Casa (Corvo) e obtiveram dados de excelente resolução dos portos da Calheta e Velas (São Jorge), das Lajes (Flores), bem como da área costeira da Ponta dos Rosais (São Jorge) e de todo o perímetro em redor da Ilha do Corvo. No grupo ocidental foram sondados 44,8 Km2 e no grupo central 22 Km2 tendo-se percorrido 750 Km e 465 Km de fiada respetivamente. Estas equipas ainda realizaram trabalhos de topografia em novas infraestruturas portuárias e diversos edifícios de Marinha.
Assim, foram acrescentados ao Projeto de Mapeamento do Mar Português 45.475 Km2 de sondagem.
De sublinhar que a Marinha, com a presença do NRP D. Carlos I, reforçou o dispositivo naval dinâmico da Região dos Açores, aumentando as capacidades de busca e salvamento (SAR), de vigilância e patrulhamento marítimo, de apoio aos órgãos de proteção civil, de colaboração com a Universidade dos Açores na realização de campanhas científicas e de cooperação com outros de departamentos do Estado com competências no mar, ciente da relevante posição geoestratégica que o Arquipélago dos Açores representa.
O NRP D. Carlos I possui uma guarnição de 38 militares, embarca duas equipas da Brigada Hidrográfica composta por oito elementos e dois observadores de cetáceos do CIIMAR, tendo previsto o seu regresso a Lisboa a 27 de agosto.