No período de 14 de setembro a 2 de outubro, a Brigada Hidrográfica realizou o levantamento topo-hidrográfico em São Torpes, Sines, o qual se encontra integrado no projeto de monitorização dos efeitos das estruturas portuárias do porto de Sines.
Este projeto, decorrente da solicitação da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), decorrerá ao longo de 5 anos, sendo 2020 o segundo ano do mesmo. Pretende-se, assim, avaliar o efeito que as obras de ampliação do porto de Sines (criação de um novo terminal de contentores e a extensão do molhe que protege atualmente o Terminal XXI) terão nas dinâmicas oceanográficas e sedimentares das áreas costeiras adjacentes, nomeadamente na zona da praia de S. Torpes. Consequentemente, durante os cinco anos serão desenvolvidos diversos trabalhos pela Brigada Hidrográfica e pelas divisões de Hidrografia, Geologia Marinha e Oceanografia.
Ao longo desta campanha, foram realizados levantamentos hidrográficos com sistemas sondadores multifeixe de alta resolução, com recurso à UAM Atlanta (KONGSBERG EM3002) e à lancha hidrográfica Mergulhão (KONGSBERG EM2040C). Efetuaram-se ainda levantamentos com o sondador de feixe simples Odom Echotrac CV100 instalado num bote pneumático e realizou-se topografia de praia. No final da sondagem foi criado um modelo batimétrico com a resolução de 50 cm e um mosaico backscatter que serviu de apoio na seleção dos locais a realizar as amostras de sedimento. Foram selecionados 10 locais e realizadas 15 amostras com recurso ao colhedor Petite Ponar.
A missão contou com a participação de 12 militares, quatro dos quais alunos do Curso de Especialização de Oficiais em Hidrografia, que integraram a missão no âmbito do Projeto Complexo Multidisciplinar desse curso, previsto como conclusão do currículo escolar. Este projeto pretende garantir que os alunos executam todas as tarefas práticas e exercitam as técnicas que lhes serão necessárias nos trabalhos de hidrografia, pelos quais serão responsáveis num futuro próximo.
Ao longo do período da missão foram instalados dois marégrafos de campanha recentemente adquiridos, que permitiram verificar a qualidade dos dados obtidos pela rede maregráfica nacional, testar a fiabilidade destes novos equipamentos, bem como para efeitos de formação. Foram ainda perenizados e coordenados dois pontos de apoio, com o intuito de serem utilizados em campanhas futuras para a verificação de posicionamento, tanto dos equipamentos GNSS que asseguram o posicionamento das lanchas hidrográficas, como pelos equipamentos que serão utilizados na topografia de praia.
Dada a complexidade desta missão, ditada pelos quantitativos de pessoal e material envolvidos, assim como pelas condições meteorológicas sentidas, foi de extrema importância uma preparação meticulosa e um planeamento rigoroso, de modo a cumprir com os objetivos da campanha.
A missão foi concluída com sucesso, numa conjuntura social diferente da habitual, adaptando-se assim os profissionais: militares e civis do IH, a este “novo normal”, em tempos de COVID-19, dando continuidade aos 60 anos de existência do Instituto Hidrográfico.