A Brigada Hidrográfica finalizou no dia 2 de setembro a campanha topo-hidrográfica realizada na ilha do Pico, contando com 5 semanas de sondagem realizadas por 3 equipas.
O levantamento foi realizado com a lancha hidrográfica Mergulhão e reforçado na última semana e meia, pela lancha hidrográfica Gaivota, transportada para a área de sondagem pelo navio hidrográfico NRP D. Carlos I.
As lanchas hidrográficas equipam dos mais modernos sistemas multifeixes (KONGSBERG EM2040C) e de posicionamento/atitude (SEAPATH 380) da atualidade.
A ilha do Pico é a segunda maior ilha dos Açores e a sua sondagem foi potenciada pelos seguintes fatores:
- Predominância de boas condições meteorológicas e oceanográficas (METOC);
- Vantajoso posicionamento geográfico dos portos de abrigo da ilha do Pico, principalmente os portos da Madalena, Lajes e S. Roque. A sua distribuição permitiu realizar sondagens entre portos, incrementando a eficiencia do esforço de sondagem, reforçando a segurança e permitindo tirar partido da deslocalização dos meios para áreas abrigadas em dias de condições METOC desfavoráveis.
Os trabalhos de sondagem decorreram entre os 10 e os 350 metros de profundidade e, embora se tenham efetuado entre 7 e 8 horas de sondagem diária por embarcação, não foi possível finalizar o levantamento hidrográfico. Tal deveu-se ao reduzido tempo disponível para a missão e ao facto de a plataforma adjacente à Madalena consistir numa extensa área de baixa profundidade com oceanografia complexa.
Os dados adquiridos foram de grande qualidade. As principais causas, em grande parte, devido ao rigor do posicionamento e atitude das nossas lanchas, com correções diferenciais em modo Real Time Kinematic (RTK) agregadas às estações da Rede de Estações Permanentes Região Autónoma dos Açores (REPRAA). Para referência vertical, contámos com uma robusta rede de marégrafos, dois pertencentes à Divisão de Oceanografia do Instituto Hidrográfico (Horta e Terceira) e três instalados no inicio da missão nos principais portos da ilha do Pico. Esta rede de marégrafos foi constantemente motorizada e permitiu, devido à redundância, identificar problemas de instalação/nivelamento geométrico desajustado.
No decurso do levantamento hidrográfico verificaram-se manifestações acústicas na coluna de água em 3 locais da ilha do Pico. Estas manifestações foram observadas de forma persistente e em dias diferentes. Após a observação destes distúrbios, os dados da coluna de agua foram gravados e processados, tendo sido identificada a sua localização para futuros estudos. Salienta-se a manifestação localizada perto do porto das Lajes, por estar a uma profundidade de 50 metros, o que poderá facilitar o seu estudo.
No final da campanha uma pequena equipa de 3 elementos realizou o levantamento topografico e nivelamento geométrico das instalações navais de Santa Rita em Ponta Delgada.
Terminada a campanha, as lanchas embarcaram no navio hidrográfico NRP D. Carlos I, com a maioria da equipa, para realizarem transito para Base Naval de Lisboa.
Agradece-se a hospitalidade e facilidades logísticas dadas pela Capitania do Porto da Horta, dos Bombeiros Voluntários da Madalena e da população em geral pelo ótimo acolhimento. Esta foi uma produtiva, complexa e entusiasmante missão, realizada na exuberante ilha do Pico, onde o trabalho consistiu em sondar a forma como as raízes da ilha, que detem o local mais alto de Portugal, submergem.